quarta-feira, 7 de julho de 2010

Retornando...

Aproveitando a liberação da campanha eleitoral, voltei postando um texto que escrevi há algum tempo, mas que acredito continua atual.
Aproveito para agradecer ao “Jornal do Núcleo”, de Peruíbe, edição de julho de 2010 que o publicou.

QUASE...

“Votamos no quase honesto, pois quase confiamos nele.
Acabamos de entrar pelo cano.
Por pouco não reagimos, quase nos revoltamos.
Mas quase confiamos na justiça e na sorte.”

Mundo Livre S/A – in Por pouco (© 2000)


Entre a obrigatoriedade do voto no Brasil e as opções que nos apresentam, permanecemos no eterno dilema que é o de escolher o “menos pior”...
Pouquíssimos cidadãos de bem se metem na política. Uma ínfima parte sequer chega a ser candidata.
É, talvez por isso, que a pessoa comum (o cara que, entre contas atrasadas e parentes desempregados - ou ele próprio sem emprego), não se anima a memorizar em quem votou nas eleições passadas, não pensa em escrever (se souber) um “diário” envolvendo seus eleitos, não coleciona programas de governo, não traz na ponta da língua a “escalação” dos vereadores de sua cidade como talvez seja capaz de trazer a de seu clube de futebol...
A mentalidade brasileira, que se ajusta feito água de cascata a cada degrau que a pessoa suba ou desça na escala social, é o que dá ânimo à quase totalidade dos profissionais da política a entrar para esse negócio.
Daí, parafraseando Mundo Livre, eu digo que quase percebemos o mal de que sofremos, por pouco não assumimos uma posição positiva a respeito e estamos por um triz de agirmos de forma franca e honesta. Quase já acertamos.
Faremos o voto útil (seja lá para quem quer que haja utilidade); votaremos no menos ruim; no amigo, no amigo do amigo, ou contra o inimigo, no sei lá mais quem.
Depois, voltaremos aos nossos lares, gratos por termos superado mais essa obrigação, à procura de nossos controles-remotos, os quais nos guiarão, precisos, a novos escândalos políticos, aos mesmos cenários sociais, aos eternos campeonatos esportivos, à nossa mediocridade, à nossa retórica de balcão de bar...

Rogério (Lelo Reis)