quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Poesia

A poesia, como todas as formas de arte, existe e persiste por si. Assim, não existe, se ninguém a vê. O que há são poetas, artistas. A arte está na alma, na capacidade individual de vislumbrar o indizível, o inexplicável, de sentir o sonho, de transcender o visível e procurar, no invisível, a beleza de ser.

Estes anos...

Outubro. Tudo passa bem em outubro. Começam lojas, shoppings e pessoas a planejar. Nada melhor do que esperar outubro. Novembro e dezembro são difíceis, mais que março, abril e até setembro. Cuecas enlarguecem e meias embolecem, camisetas, esquece. É bom viver no Brasil. Há ondas de calor e ondas de frio, mas, jamais, ficamos no vazio. Chocolate quente com pipoca, cerveja gelada (sempre) e mais batata e pipoca. Tá com frio? Se sente vazio? Tenho apenas duas sugestões: desencosta, vem pro Brasil ou vai pra puta que o pariu...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

GAME IS OVER


(Dedico esta canção àquela senhora sentada na primeira fila do meu coração)

Presa fácil, presa a mim,
Feito um jogo antigo,
Num vício, que se repete
Acordo cedo e já ligo
Volto ao início e aperto o play,
E lá vou eu cair de novo
Nas mesmas armadilhas,
Pelos labirintos que inventei

São mesmas as molas que
Me fazem saltar e fogem,
E trazem conhecidos monstros
Que já matei, ganhando esmolas,
Esperando as vidas, os mesmos bônus,
E comemoro em meu íntimo
Ao ouvir a surrada trilha sonora
Da fase pela qual eu já passei

Centenas, milhares de vezes,
De dias, de anos sem conta,
Repetindo o mesmo caminho
Decorando o labirinto que eu criei
Experimentando a mesma ilusão
De que assim posso vencer
Mas, cansada e vencida, ao fim do dia,
Na velha tela aparece “game over”

Deito, exausta e convencida de que tentei,
E que amanhã será outro dia
E sonho que fiz o melhor
Da vida que não planejei
Acordo, fingindo uma alegria,
Pelo tempo que superei
Então corro pro game,
Ligo, volto ao início e aperto o play...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Receita de galinha à cabidela

Ingredientes: Uma galinha de capoeira gorda. Temperos: Todos os que você acha que tem direito. Modo de preparo: Sangrar a galinha (isso é muito importante) e aparar o sangue num prato fundo com vinagre, sempre batendo com um garfo (o sangue, não na galinha). Cozinhar a galinha aos pedaços, já que precisa despedaçar bem a galinha, com todos os temperos e, quase na hora de servir, colocar o sangue e mexer bem para não talhar. Muito importante: se não achar uma galinha de capoeira gorda, jamais use sua galinha-dos-ovos-de-ouro...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Os miseráveis (para que não se perca no tempo)

Agentes e vítimas de sua própria miséria espiritual arrastam-se feito serpentes na lama, injetando aqui e ali seus venenos destilados na alma. Arrastam-se, pois não têm como seguir por suas próprias pernas. Miseráveis que são, contentam-se em envolver suas presas; estas, miseráveis também, brindam suas infelicidades e jogam a taça fora, como se o ato legitimasse sua demonstração de falsa felicidade. Acontece, porém, que, frequentemente a taça cai no lugar errado e fere, envenenando, quem não esperava por isso. Aí, sim, somos surpreendidos novamente...

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Insônia

A insônia tem seus altos e baixos: você troca um travesseiro que acha que está alto; daí o travesseiro fica baixo. Tira o som da TV, constata que está baixo e devolve o som. Sua mulher reclama que está alto. Você coloca os dois travesseiros, tira o som, vai até a geladeira, pega uma cerveja e derruba um prato que tinha queijo. Sua filha entra berrando que está fazendo barulho e sua mulher explica que é porque você está alto. Você "grita baixo", pra não incomodar a vizinha, que não foi culpa sua, que o lugar do queijo não é tão alto, aí elas batem as portas dos quartos, bem alto, e falam pra você falar baixo. Daí, às 9h da manhã, alguém derruba bem alto, umas tampas de panela, e você, com sua autoestima lá em baixo, vira pro outro lado e pensa: caralho, eu devia me mudar lá pra baixo...