quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Lixo para quem precisa de lixo
Às vezes penso que tudo é uma grande bobagem e que falar de certas coisas é uma perda de tempo. Mas, quando penso que o tempo está passando mesmo e que, desde que comecei a pensar em escrever mais esta bobagem já se passou algum tempo e ele não vai voltar, nem mesmo como a miserável restituição do IR, escrever é só mais uma forma de perder tempo.
Sempre admirei o Canadá. Tá, espera um pouco. Também conheço várias versões das ocupações no Canadá.
Deixando isso de lado, queria falar sobre o lixo produzido pelo brasileiro, a maneira como ele lida com isso e o que isso tem a ver com o Canadá.
Quando a humanidade lixava as unhas das mãos tentando ficar sobre as duas patas traseiras, largava pelo caminho os resíduos da sua existência. Já que tudo o que agregava ou consumia era degradável, bastava lançar o bagulho numa direção qualquer. Nessa época, o homem já era seguido por lixeiros da natureza. Então, o que não era possível ser consumido por parasitas o era pela natureza, pelo tempo (olha ele aí).
Mas, depois de milhões de anos, a gente constata que há certas coisas que não mudam. Quero dizer que o homem continua a largar pelo caminho os resíduos indesejados da sua existência. Atualmente, somos mais sofisticados. Temos alimentos processados, não precisamos ser nômades, escolhemos quais venenos consumir: vegetais, animais, farmacológicos, psicotrópicos e o cacete. Ou tudo isso junto e misturado. Tudo em embalagens não degradáveis...
Eu, que vivo numa cidade à beira-mar, fico indignado com a quantidade de lixo que as pessoas deixam por onde passam aqui. Sempre que caminho na orla, fico catando lixo, de bitucas de cigarro a enormes sacos plásticos pretos, sempre meio submersos na areia. Mesmo tentando ser discreto, minha família nem sempre aprova esse “mico”.
Quando vejo TV, e sempre que chove pelo país afora, noto que há algumas coisas que boiam. Garrafas pet, sacos de lixo, automóveis 1.0, autoridades, enfim, as cidades se afogam no próprio lixo.
Bom, essa parte do texto está bem exposta. Agora quero fazer a relação entre o que escrevi e o Canadá.
Quando eu era criança, nos anos 1960, no meu bairro não havia coleta de lixo. Aliás, na minha rua quase não passava carro. O lixo era jogado em algum dos terrenos baldios vizinhos ou diretamente num córrego atrás da minha e de dezenas de casas. Numa noite de tempestade, a água chegou dentro de casa e meu pai derrubou o muro do fundo sobre si mesmo. Caos. Não se feriu seriamente, mas foi arrastado pela correnteza, etc.
Passados alguns anos, o lixo era depositado em latões, sem qualquer embalagem, e os lixeiros derrubavam aquilo diretamente na carroceria de um caminhão. O fedor do caminhão era anúncio de que ele iria passar naquele dia, como o fedor do latão era uma pequena amostra do destino daquela porcaria.
É aqui que entra o Canadá.
Eu adorava ver um programa institucional (que hoje eu sei que era um programa institucional) que passava muito quando a TV Band se estava instalando.
O Canadá foi o primeiro país a instituir o saco de lixo. Depois vieram outros. Nos anos 1970 o Brasil pegou a rabeira da onda. Nada desembalado seria recolhido.
Era difícil vender saco de lixo no Brasil, mas ficava barato pra caramba fazer propaganda em sacolinhas de supermercados. E é lógico que essas pequenas bombas transformar-se-iam em sacos para lixo.
É lógico que os produtores de sacos em geral não desistiram de seus negócios, mas investiram muito nas incontáveis empresas emergentes e que se utilizavam de sacos de propaganda.
Chegamos ao ponto. As grandes redes de supermercados, ao mesmo tempo em que sucumbiram à mídia televisiva, aglutinaram-se em 2 ou 3 grandes empresas. Daí, no presente momento (e essa discussão já leva 30 anos), para quê gastar uma fortuna em sacos promocionais? Deixem os fabricantes de sacos trabalhar. Reduzirão os preços das embalagens em geral e aumentarão seus lucros com a venda de sacos de lixo.
Quem é que acha que um saco promocional faz diferença, já que vai ter de pagar por mais um produto, que é o saco de lixo, em relação ao ambiente (que os grandes intelectuais pleonasmam de meio-ambiente)?
Basicamente, um saco promocional, que costuma custar menos de R$0,02, vai transformar-se num produto cada vez mais caro, terá o mesmo destino das sacolas promocionais, não vai baixar a conta do supermercado e nem diminuir a poluição.
Há certas coisas que não mudam... Transferem-se.
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