Pra fazer um violão
(sem levar em conta a invenção)
foi preciso que o sol tenha
brilhado o tempo certo
e a chuva caído na medida -
tanto aqui como no sul e no nordeste.
E na Tanzânia, onde pra nós
tudo parece outro planeta...
Tudo isso por muitos anos.
Foi preciso que, de preferência,
não tivesse havido secas,
queimadas, enchentes
ou (por razões infindas),
ações humanas.
Pra que estas não tivessem
arruinado o meio, o ambiente,
pra que, daí, aquelas velhas sementes
em madeiras se tenham virado.
Foi preciso muita coincidência...
E que as árvores tenham
crescido - e vivido lindas...
E que um dia, como a vida vinga,
com o cuidado de um curupira,
um caboclo, um mestiço
ou uns torcedores do coríntia
tivessem colhido uns desses
paus e os vendessem.
Só que, pra fazer um violão e,
ainda, sem levar em conta a invenção,
seria preciso fôrmas,
ferramentas - precisaria um artesão,
um gepeto que sonhasse dar vida,
com suas mãos, a pedaços de paus...
Vê que coisa linda: foi preciso
muitas mãos pra fazer um violão.
Precisou muito mais que consciência...
Mais que coincidência.
Também mais que paciência.
Precisou de-um-tudo...
Precisou de história, de poesia e de sonho...
De muita magia precisou um violão!
Já, pra fazer um violonista...
quarta-feira, 17 de março de 2010
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Já pra fazer um violonista é preciso um bocado de talento, ao menos um tantinho de espiritualidade e uma pitada de boa vontade, um muito de musicalidade, misturar sensibilidade com expressão, instinto e busca. Misturar bem mesmo, usar de intuição para saber o ponto certo e cobrir com estudo, pesquisa e compartilhamento. Para apreciar, ah.. Já para apreciar é preciso só um bocadinho de sensibilidade!!!
ResponderExcluirE é preciso só um ' bocadinho de sensibilidade' também para apreciar o poema...muito bom,parabénss!
ResponderExcluirAdorei *-*