terça-feira, 8 de setembro de 2009

As garotas

Alheias ao que as rodeia, elas tocam-se nos braços e ombros umas das outras e riem. Levantam a cabeça alternadamente e fecham os olhos, para abaixá-las em seguida, meneando o corpo. A fronte tocando a do lado, ocasionalmente. E riem.
Um celular interrompe, por um momento, aquele clima: aparentemente se espantam.
E, de repente, se abraçam, como se comemorassem.
Isso em menos de meio minuto.
Irrompem em novas risadas, olhos fechados, retornando ao começo.
Uma faz que se vai e as outras a impedem.
Nada disso se pode ouvir daqui.
O que ouço, apenas e agora, é um estrépito, um estrondo, já que o trem se aproxima.
Mas elas, ainda alheias, na plataforma oposta, sequer o percebem.
Giro a cabeça, olhando, partindo, e elas riem, riem...

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