terça-feira, 8 de setembro de 2009

Uns

Uns bêbados, uns mendigos,
umas senhoras de bobis e penhoar,
talvez uns vizinhos,
umas bichas e seus cachorrinhos,
todos sem notar, enquanto faziam na calçada
o que podiam,
já me viram passar
de vagarinho, 17 anos,
voltando da noite e
trazendo nas costas o violãozinho.
Vindo de noites
feito da noite um passarinho...
Às vezes pulando amarelinha -
às vezes tropeçando, meio bebinho,
alegre de ter visto e estado com um Filó, com gente noir,
filosofando numa mesa,
beijando uma moça linda que me achou bonitinho.
Noutras, triste por ter ficado sozinho...

Tão intensa como a troca de um instrumento
é a interação com a vida...
Quantos caras começam na escola e vão
se promovendo, seguindo o curso,
deixando paixões para trás...
Quem não tem “saudade da professorinha”,
quem não se lembra do primeiro instrumento,
da primeira mão pela qual se lançou na vida.?!

Aquele Bexiga, nas suas ruas,
Como as mãos que nos puseram na vida, é a escola:
só não me fez melhor porque eu só tenho esta vida.
Quisera além de ter nascido em Sampa, ao mesmo tempo,
ter nascido em Salvador, Olinda, Porto Alegre, Belô, Brasília,
Santarém, Boa Vista, Manaus, Rio, Curitiba – todas
essas e mais:
Andar por suas ruas, violão nas costas,
vendo velhas e bichas, ao amanhecer, catando as bostas,
e, no coração, entre a noção do que não basta,
Trazer aquela arte franca, aquela virtude, aquela que fica entre a emoção espúria e a dita casta nas costas...

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